Administrando os Riscos com o Alinhamento

Professor Metafix 2

 Tenho um ex-aluno de economia muito inteligente e perspicaz que opera muito bem, usando robôs e alavancando as jogadas com dinheiro emprestado dos bancos para não usar margem da corretora. Assim, ele evita que a corretora interrompa as jogadas sob pretexto de proteger o patrimônio. Até aí tudo bem, mas será que só tomando emprestado do banco diminui o risco da alavancagem?

Muitas vezes, um operador inteligente tem melhor controle da jogada do que o algoritmo da corretora porque ele tem discernimento e os algoritmos não tem. Portanto, a decisão de tomar emprestado do banco ou da corretora é uma questão, talvez, de custo e de preferência pessoal, mas o efeito da alavancagem não diminui com uma ou outra alternativa. O que minimiza o efeito do risco é aproveitar a variância com jogadas de alta frequência ou trabalhar com o alinhamento, respeitando a tendência em qualquer intervalo de tempo.

Quem obedece a tendência, operando com pequenas ondas corre o menor risco possível de perder dinheiro porque o movimento é de curta duração. Assim, é bom lembrar de que o tamanho da variação é proporcional ao tamanho do intervalo de tempo escolhido para se operar. Destarte, numa operação para se aproveitar os intervalos curtos, as variações, ou riscos são curtos e duram pouco porque não cabe um volume grande de negócios num intervalo curto.

Então, vamos ao controle dos riscos. Este é o cerne de quem opera em qualquer tempo escolhido. Felizmente, a escolha do intervalo não elimina a formação de padrões já conhecidos das partículas na natureza e nem do movimento de preço que ocorre no mercado. Os preços se movem formando um padrão aleatório que aparece em todos os intervalos que escolhemos para operar. Por isso, até robôs sem nenhum discernimento acertam as jogadas de intervalos curtos. 

As corretoras também usam algoritmos para detectar quando uma jogada se aproxima do limite da alavancagem. Como o robô não tem discernimento, ele vai fechar a operação como predeterminou o programador. Essa decisão sendo condicional pode ignorar o alcance das ondas que poderiam favorecer o investidor porque o programador não pode prever o futuro. 

É bem verdade, como argumenta meu aluno, que quando a alavancagem é feita com empréstimo bancário, este não influencia a jogada; o controle fica com quem opera. Neste caso, o operador pode automatizar as jogadas também, mas a maioria prefere determinar manualmente quando entrar e sair de uma posição porque, sabiamente, reconhece que o discernimento é fundamental quando se trata de probabilidades. 

O robô é mais confiável quando o intervalo é muito curto e não há necessidade de julgamento para escolher as alternativas. Todavia, à medida que aumentam-se os intervalos, cresce a segurança das jogadas porque a própria estatística mostra que quanto maior for o tamanho da amostra menor o risco. E, sabemos que quanto menor o risco menor os ganhos por jogados. Risco é variância e não ganhamos sem volatilidade. Isto é, águas paradas não geram energia.

Nesse caso, o que resta é a tendência e, esta é fácil de obedecer porque o padrão é bastante visível. Podemos nos proteger alinhando os movimentos curtos com os movimentos mais longos e só operar quando houver congruência entre os dois. Essa aderência à regra elimina o efeito gambling e aumenta os ganhos. Essa prática também evita as perdas naturais que ocorrem com frequência nas retrações de preço.

Naturalmente, os ganhos por jogadas curtas são pequenos, porém compensados pela alta frequência. Além disso, quem controla a jogada pode fechar as posições antes da retração realizar o prejuízo. Destarte, ganha-se na subida e deixa de perder na descida. Isso é bem melhor do que ficar posicionado olhando o prejuízo se acumular com as quedas de preço.

Para operar, como explicado, é necessário entender que as tendências seguem um padrão e se dividem em ondas menores e irregulares. Uma onda com medidas de uma hora quando ampliada e vista com intervalos ou ondas de 5 minutos, por exemplo, vai se transformar numa tendência composta de várias ondas de 5 minutos. Portanto, uma tendência de uma hora é composta também por ondas de uma hora, mas pode representar um movimento num intervalo bem maior. Assim, a tendência de um dia é também composta de ondas de medidas em dias, mas representa um movimento de um intervalo maior, talvez semanas ou meses. 

Destarte, fica fácil controlar os riscos, basta obedecer a tendência aproveitando as ondas que se formam dentro dela. Com os programas gráficos da atualidade fica muito fácil operar porque podemos mudar de intervalo com um simples clique do mouse.

Para não errar, o operador deve entrar somente comprando nos suportes das ondas e sair nas resistências. Lembrando sempre de que uma tendência de alta pode ser reduzida em apenas numa onda de intervalo maior. Destarte, podemos identificar uma tendência com apenas um movimento ou com várias ondas menores.

Todas as ondas começam na zona de sobrevendido e vão até a zona de sobrecomprado. Isso é bem mais fácil de perceber com apenas uma onda de alta de um intervalo maior. Esse intervalo representa uma tendência comprimida. Mas ao desdobrar o intervalo as inflexões inocentes se transformam em ondas de alta e baixa e obtemos uma tendência. O desdobramento da onda em movimentos menores funciona como um microscópio que amplia o tamanho de um objeto, nesse caso, as ondas de preço. Fazendo esse desdobramento fica muito fácil de operar, porque os pequenos pontos de inflexão são, na realidade, movimentos escondidos nas grandes dobras dos intervalos longos. Alinhando o movimento menor com o maior evita-se operar contra a tendência, como é recomendado pelos técnicos. 

Para saber se a tendência já terminou, pode-se observar se os topos e fundos das ondas menores ainda são ascendentes, ou não. Podemos fazer isso voltando para o gráfico original de apenas uma onda de um intervalo maior. Com ajuda de um oscilador, dá para se ver claramente se o preço já atingiu a zona de sobrecomprado. Isto é, todas as ondas de alta, começam com o preço na zona de sobrevendido e sobe até a zona de sobrecomprado. Estes são os pontos de entrada e saída. 

Para aqueles que não desejam ou não tem paciência de ficar agourando o gráfico, pode comprar e ir pescar. Nesse caso, podem usar uma onda semanal e desdobrar para formar uma tendência diária e operar obedecendo as duas; comprando na baixa e vendendo na alta das ondas diárias. Note que a onda de um dia leva alguns dias para se formar, e uma onda menor, por exemplo, de cinco minutos, leva alguns períodos de cinco minutos para completar um ciclo de alta. Boa sorte! 

Professor Metafix, Wisconsin, 15 de junho de 2022.

Professor Metafix
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2 comentaram sobre “Administrando os Riscos com o Alinhamento

  1. Jorge, você acertou de cheio. Primeiro, algo que você mencionou mas não tem nada a ver com a nota que escrevi. É verdade as pessoas tem mais discernimento do qualquer algoritmo.
    Segundo, realmente e de propósito quis deixar a impressão que é muito fácil operar obedecendo a tendência. Se as pessoas acham difícil é uma questão que não posso resolver. Terceiro o fato de que existem incerteza e riscos é uma verdade importante sem riscos não vamos ganhar nada, pois risco é variância, e sem variância nem poderíamos nem falar de comprar barato e vender caro. Não posso mudar nada sobre o comportamento do mercado ou sobre o mecanismo de oferta e procura, mas meus ensinamentos foi sempre para alertar que existe um meio entre outros para se aproveitar a variância sem errar, Se as pessoas erram ai é um problema que foge da minha capacidade pra resolver.

  2. Fico com a impressão de que vc minimiza o quão difícil é operar e ‘seguir tendência “, como se fosse só esperar os preços se alinharem e tudo bem. Como se não houvesse volatilidade e incertezas. “Pessoas tem mais discernimento que o algoritmo da corretora” ; “tomar dinheiro emprestado de banco pra se alavancar”… É sério isso?

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