A Jiboia e a Hiena na Bolsa de Valores

Professor Metafix

No último artigo dessa serie, discutimos as dificuldades dos pequenos operadores no mercado de ações. Os mercados e todas as economias do mundo estão dominados por grandes organizações. Essas tem poder pra tirar muitas vantagens…

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A Jiboia e a Hiena na Bolsa de Valores

            No último artigo dessa serie, discutimos as dificuldades dos pequenos operadores no mercado de ações. Os mercados e todas as economias do mundo estão dominados por grandes organizações. Essas tem poder pra tirar muitas vantagens do sistema de trocas, porque operam com grandes volumes de cada vez. Os pequenos lutam com mais dificuldades pois, além da concorrência entre os próprios pares, tem que enfrentar as barreiras erguidas pelos grandes players. Apesar disso, como dito naquele artigo, ainda existem boas oportunidades para os pequenos.

            Antes de mostrar como as jiboias e as hienas agem nas selvas mais perigosas, é necessário entender que sempre existem duas formas de se fazer as coisas, uma certa e outra errada. O mercado é excepcional e bem mais amplo, nele podemos operar corretamente pelo menos de duas maneiras distintas. Quem opera pode avançar como hienas, pensando no curto prazo; ou como jiboias imaginando um período mais longo. As duas formas estão corretas, mas não são mutuamente exclusivas e podem ser combinadas. 

            A arte de administrar dinheiro está ligada ao tempo porque as oportunidades não tem hora para bater a porta. As hienas são caçadoras intermitentes e, estão sempre espreitando oportunidades, como operadores no intra diário, para tirar vantagem passageiras que lhes dão o sustento permanente. Apesar de impacientes, são estudiosas e cuidadosas, embora tenham la as técnicas apropriadas para cada situação. Elas sabem controlar os riscos porque estudam bem o ambiente e só avançam na hora exata. A esperteza consiste em aproveitar as oportunidade sem tergiversar os perigos. Entretanto, ficam satisfeitas com os pequenos pedaços de carne que conseguem tirar dos leões sem relaxar a guarda na luta por outras oportunidade.

            No outro lado do espectro, pouco visível mas bem promissor, ficam jiboias. Elas são pacientes, frias e calculistas. Escondem-se camufladas na floresta esperando a oportunidade. Apesar da lentidão aparente são atacantes rápidas e certeiras e não tem pressa pra agir, mas agem na hora certa também. As jiboias como as hienas sabem que o timing da jogada é fundamental pra o lucro. O objetivo é obter alimento que satisfaça as necessidades por períodos longos. As jiboias, por índole e necessidade, não se preocupam em aproveitar apenas as oportunidades do curto prazo. Procuram presas de qualidades e com bastante proteínas para satisfazer às necessidades fisiológicas inerente aos animais de sangue frio.

            Ao se dedicar as atividades de operação de bolsa devemos imaginar que, apesar desses animais serem repugnantes para alguns, eles servem de exemplos para muitos e para quem deseja ter sucesso com ações e derivados. A bolsa permite o operador se divertir no dia a dia com uma atividade prazerosa e lucrativa, mas exige técnica, paciência e disciplina. Ela enriquece nosso conhecimento sobre a sobrevivência e comportamento humano, mas também exige decisão firme quanto ao tempo e as oportunidades que ele oferece.

            Pensando nesse exemplo, podemos resumir as atividades da bolsa em operação de curto prazo e de longo prazo. A hiena é por definição uma operadora de curto prazo, que olha os gráficos e estuda os movimentos dos preços para aproveitar os pequenos repiques que são congruentes com as tendências daquele período de operação. Ela não contraria a tendência e respeita rigorosamente o alinhamento dos movimentos.

            Enquanto isso, a jiboia opera do mesmo modo, mas seguindo os grandes movimentos de preço que só apresentam resultados num prazo bem mais longo. Ela prefere esperar por lucros maiores que se acumulam no longo do tempo, mas não se intimida com recuos que provocam perdas passageiras. Ela entende que, no longo prazo, pode recuperar os prejuízos forjados pelas bruscas alterações provenientes de forças desconhecidas.

            Algumas jiboias até dispensam os gráficos e preferem operar apenas com média móveis; uma longa e uma curta. A média maior mostra a tendência com mais clareza, e a menor é calibrada para mostrar quando atacar e quando se recolher. O importante é alinhar os movimentos curtos com os maiores pra minimizar as perdas de curto prazo e esticar os ganhos no longo prazo.

            Os bons operadores refinam o modo de operar. Primeiro, só opera com ações de qualidade e bem conhecidas porque sabem que elas são mais estáveis mas, às vezes, podem variar tanto quanto o mercado. Segundo, apegam-se ao método das jiboias sem excluir as oportunidades das hienas. Estes respeitam os fundamentos das ações, mas usam os gráficos para navegar com tranquilidade se aproveitando do sobe e desce dos preços. A cima de tudo, na hora de operar, os bons traders praticam, com naturalidade, o alinhamento automático. Eles reconhecem que o valor da técnica consiste em evitar as contradições de se operar contra a tendência principal.

            Os bons operadores também ficam de olho nos suportes e nas resistências com ajuda visual de indicadores e osciladores. E, além de tudo, não perdem oportunidades com análise do que vai acontecer, porque sabem que os preços só podem subir ou cair. A questão é esperar pelos pontos de virada para acompanhar as subidas e as descidas sem canseira. Quem não tem intuição de sobrevivência de animais silvestres deve, pelo menos, entender que na luta pela vida somos todos iguais nessa selva. 

Boa sorte!
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