Correlação entre o Dólar e o Preço das Ações
?Somos todos iguais nessa noite?, diz a música de Ivan Lins. Mesmo que não fiquemos iguais nessa crise, o mundo deve ficar mais homogêneo. As economias estão se estruturando e devem buscar mais equilíbrio nas contas externas. Os desequilíbrios dos mais fortes sempre enfraqueceram a estabilidade dos mais fracos. Mas com a crise surgem oportunidades e as economias mais fortes recorrem involuntariamente aos métodos dos mais fracos para ganharem estabilidade e manterem o crescimento econômico porque não existe outra alternativa.
Enquanto isso, o comércio de moedas determina o rumo dos mercados de ações. Nunca a correlação negativa entre o dólar americano e o índice Dow Jones foi tão forte. Por exemplo, a semana que passou foi curta por causa do feriado, mas o Dow Jones avançou e o dólar continuou caindo sem nenhuma interrupção exceto neste último dia do pregão, como mostram os gráficos abaixo.
Aproveito a oportunidade para lembrar os investidores da importância dessa relação porque ela pode ajudar nas “Aproveito a oportunidade para lembrar os investidores da importância dessa relação porque ela pode ajudar nas negociações das ações. O valor do dólar americano é um forte indicador do que se pode esperar dos preços desses ativos” negociações das ações. O valor do dólar americano é um forte indicador do que se pode esperar dos preços desses ativos. Esta relação já era notável no Brasil e em outros países importadores de capital. Agora os Estados Unidos passam pela mesma necessidade e, relutantemente, entram numa nova era onde as exportações vão se transformando no principal veículo para elevar a economia para um estado mais estável. Antes, a demanda por dólar era tão forte que os americanos nem pensavam em cortar as importações. Agora, as importações ficam mais caras e as exportações mais baratas. Resultado: o consumo interno aumenta e o nível de emprego domestico cresce. A economia domestica se fortalece e impulsiona o preço das ações.
Os desequilíbrios nas transações comerciais dos Estados Unidos, especialmente entre exportações e importações continuam enormes e precisam urgentemente de ajustes estruturais. As adaptações virão com alguns sacrifícios para os importadores americanos que terão que pagar mais pelas importações e diminuir a dependência externa por bens baratos. O feitiço virou contra o feiticeiro mas, no longo prazo, essa é a única solução estável e prova que todo feitiço tem pernas curtas.
Os sacrifícios dos ajustes virão dos dois lados. Os tradicionais exportadores, como China e e Japão precisam estimular o consumo interno. Isto implica em cortar impostos, melhorar a distribuição de renda e criar novos empregos. Enquanto isso, os Estados Unidos e Europa precisam fazer o mesmo e dinamizar a produção doméstica porque os desníveis já se esticaram bastante. A queda no valor da moeda vai aumentando a preferência por produtos domésticos e diminuindo as importações. Isto é bom para as empresas locais.
A queda do dólar refletirá essa realidade com clareza independente do desejo dos que preferem outra moeda para se proteger das variações advinda das trocas internacionais. O valor da moeda tem reflexos direto na produção e no emprego mas, a troca dela não protegerá os credores contra eventuais perdas de acumulação. Os países tem que “O valor da moeda tem reflexos direto na produção e no emprego mas, a troca dela não protegerá os credores contra eventuais perdas de acumulação” aprender que riqueza acumulada em papel incorre em riscos semelhantes aos que sofrem as empresas e investidores individuais.
Todos somos iguais nessa jornada e pagaremos a conta dos ajustes independente de quem gerou a crise. O certo é que com a queda na renda e no poder de compra, os americanos se tornam mais patriotas e vão ajustando tanto a visão política do mundo como o gosto por produtos importados. Isso é bom para o mercado de ações.
Por bem ou por mal, os Estados Unidos, diferente de outros países, não têm uma política explicita para fortalecer o dólar. Sempre lavaram as mãos com o problema e deixaram a moeda variar livremente de acordo com as leis de “quem deve pouco tem problemas, quem deve muito dá problemas!” mercado. Até a dívida, que preocupa os parceiros comerciais, parece não ser problema para as autoridades monetárias na proporção que ela merece. Isto exemplifica o que dizia Delfim neto ? quem deve pouco tem problemas, quem deve muito dá problemas! As autoridades americanas sabem que o dólar fraco pode ser um problema para os importadores e credores mas faz bem a economia local porque incentiva os exportadores e produtores.
Enquanto isso, os ganhos da produção nacional se refletem rapidamente no mercado. Neste sentido, o ajuste vem “Podemos, com cautela, claro, antecipar, dentro das cabíveis proporções, a direção dos preços das principais ações” sem defasagem de tempo porque importadores e exportadores antecipam a execução dos negócios futuros com os contratos de câmbio. Isso é bastante importante para quem especula no mercado de ações. Podemos, com cautela, claro, antecipar, dentro das cabíveis proporções, a direção dos preços das principais ações e de seus respectivos índices.
O gráfico da esquerda mostra a relação inversa, nos últimos 4 meses, entre um fundo de ações chamada UUP, baseado no dólar, e o Dow Jones. O gráfico da direita espelha o final desse período e encerra apenas os últimos 5 dias de pregão. A relação inversa entre o dólar e as ações é inequivocamente forte e bem clara, como mostram os gráficos.
Aqueles interessados em esmiuçar essa relação podem entrar no programa do advfn e justapor outras ações que podem ter relação inversa com o fundo UUP. O UUP, sendo um fundo de ação baseado no dólar, varia positivamente com o dólar no mercado internacional. Por isso deve variar inversamente com todo tipo de ações no mercado “Existe também uma correlação negativa extremamente forte entre o dólar e as commodities em geral” americano. Essa relação é mais forte com ações das empresas exportadoras e importadoras.
Existe também uma correlação negativa extremamente forte entre o dólar e as commodities em geral, especificamente aqueles que servem de hedge contra inflação, como ouro, prata e petróleo.
Devemos lembrar aos leitores brasileiros que a queda do dólar no mercado internacional afeta o mercado brasileiro indiretamente. O dólar fraco em relação ao Real prejudica as exportadoras brasileiras. Mas este seria um assunto para outra discussão.
Professor Metafix
- Negociando Moedas no Intraday - 28/04/2024
- Fundos ETF de Moedas - 13/04/2024
- O jeito certo e o errado de operar ativos - 11/03/2024
Com explicar então que em Abril tivemos um recorde nas exportações (15,1 bil~hões de dólares e superior em 23,04% a abril de 2009) e ao mesmo tempo o enfraquecimento do dólar que encerrou abril a 1,7810 reais?