Suportes, Resistências, Tendências e o Lado Emocional

Professor Metafix

Identificar a direção correta dos preços garante sucesso em qualquer transação financeira, mas é uma tarefa cheia de incertezas. Tudo depende dos sinais enviados pelo mercado, e da nossa capacidade para aceitar indicações dos gráficos. Os sinais nem sempre mostram as opções com absoluta clareza. Entretanto…

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Suportes,  Resistências, Tendências e o Lado Emocional 

 O Gorila Invisível

Identificar a direção correta dos preços garante sucesso em qualquer transação financeira, mas é uma tarefa cheia de incertezas. Tudo depende dos sinais enviados pelo mercado, e da nossa capacidade para aceitar indicações dos gráficos. Os sinais nem sempre mostram as opções com absoluta clareza. Entretanto, o pior de tudo é a nossa predisposição para escolher apenas aquilo que satisfaz nossas emoções. Infelizmente, tentamos evitar decisões lógicas porque elas envolvem riscos. Temos uma enorme capacidade seletiva para ignorar aquilo que o subconsciente não gosta. Somos vítimas desse “viés” mental e precisamos controlar, de alguma forma, nossos desejos de restringir operações com sinais que não obedecem a lógica da lei da demanda e da oferta.

O mercado procura eficiência alterando os preços para satisfazer o interesse dos ofertantes e demandantes. Os preços sobem e descem constantemente e, em qualquer tempo escolhido para analisar os movimentos, notamos que eles avançam e retraem ao redor de uma média que, pode ser ascendente, ou descendente. Eles criam suportes ou resistência antes de mudar de direção. 

Muitas vezes, não prestamos atenção e só vemos as mudanças com clareza depois que elas acontecem. Essa falha ocorre quando estamos esperando por outros sinais. A mente tem outra opção e não vê o gorila na sala. Temos que nos vigiar pra não escolher a coisa errada. Os psicológos Christopher Chabris e Daniel Simons ilustram o fenômeno da seletividade no livro — O Gorila Invisível. Veja também um exemplo num vídeo do mesmo título publicado no You Tube.

Existe também o fenômeno que os psicológos chamam de âncora mental. Somos pré dispostos a aceitar as primeiras informações e sugestões que recebemos — “a primeira impressão é a que fica”, diz o ditado. O pessoal que gosta de análise gráfica jura de pés juntos de que existem padrões gráficos. E assim, a maioria dos operadores começa a estudar os movimentos de preço sem algum senso crítico; escolhem um “jeitinho” para evitar a lógica do mercado. Esta é uma solução sem fundamento científico que sai caro. Aqueles, que não conseguem se livrar da primeira impressão, repetem os erros e não procuram alternativas. Esses operaram com a ideia de que podemos determinar a direção dos preços, utilizam formatos imaginados por pessoas inteligentes que procuram saídas fáceis.

Muitos não reconhecem que mudanças de preço são aleatórias e não podem formar padrões. Existem também uma associação positiva entre certeza e o certo. Essa ligação impede de se trabalhar ou fazer qualquer coisa quando não temos certeza. E assim agimos num mundo de probabilidades e incerteza, mas jurando que que estamos certos porque não podemos contrariar as imagens que o subconsciente forma na nossa cabeça.

Não sabemos quando os preços vão subir ou cair, mas apenas que eles sobem e descem em função das forças antagônicas da oferta e da procura. Entretanto, sabemos que os movimentos formam suportes e resistências ao longo das tendências porque, como na física, as forças de ação e de reação se alteram naturalmente. Essa alternância, com grande probabilidade, identifica os pontos de inflexão que mostram mudanças na direção dos preços. Isto é, esses pontos indicam, apenas com probabilidade, o começo e o fim de movimentos de alta e baixa. Concluímos que é importante observar esses sinais. Apesar da incerteza, eles são os melhores indicadores para se comprar ou vender porque mostram as prováveis mudanças de força entre demanda e oferta.

Portanto, o problema tem dois lados; temos que aceitar os perigos dos negócios. Essa é uma questão de probabilidade. A outra é corrigir nosso medo para não influenciar a mente. Nesse mister, temos que aceitar os sinais mais prováveis e rejeitar os que desejamos. Por necessidade, precisamos aproveitar os pontos de inflexão e desenvolver alguma forma simples para forçar nosso subconsciente a obedecer aquilo que o mercado indica, em vez de selecionar o que desejamos. Quando trabalhamos com probabilidade temos que aceitar a indicação dos números sem nenhuma garantia. Somente a nossa desconfiança nos protege.

Na luta para encontrar conforto naquilo que é desconfortável por natureza, perdemos tempo. Operamos como Vladimir e Estragon que, à beira de uma estrada, esperam por Godot, mas ele nunca aparece.

É importante entender os suportes e as resistências. Eles representam pontos de mudanças efetivas ao longo das tendências. São indicativos de compra e de venda, mas não dão certeza, pois essa é a questão fundamental que dá sentido à vida e às probabilidades. Destarte, aceitá-los sem receio é uma luta mental. Mas, o medo de errar é o gorila invisível que produz derrotas psicologicamente dolorosas e financeiramente caras.
Prof-Metafix
Wisconsin 21 de julho de 2016

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