Média Móvel e Equilíbrio Emocional no Mercado de Ações.

Professor Metafix 2

Utilizando métodos simples para operar mais tranquilo

Compartilhe

Média Móvel e Equilíbrio Emocional no Mercado de Ações.

                                                                       Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. F. Pessoa

            As religiões antigas e a filosofia procuravam explicar os fenômenos da Natureza formando imagem de coisas conhecidas. Atualmente, dispomos de estudos estatísticos, e no mercado de ações temos os gráficos. Estes permitem juntar dados e informações que dispomos para testar teorias, definir limites e inferir sobre a natureza dos fenômenos que observamos. A tarefa é monumental porque, na ânsia atávica para controlar os elementos, entrepomos a certeza como objetivo. Entretanto, em negócios é importante duvidar. Ceticismo força quem negocia com qualquer ativo ou mercadoria procurar proteção contra os riscos de perder.

            Na falta de dados suficientes para descrever os fenômenos que desejamos analisar, usamos análise estatística para inferir o que observamos. Essa inferência depende da expectativa ou da média e dos desvios ou erro padrão. A incerteza é inevitável e por isso temos que trabalhar com probabilidade e estimar o erro padrão da distribuição que analisamos. Acho até maravilhoso poder juntar dados complexos numa medida tão simples, como a média móvel, que mostra graficamente o movimento e a direção dos preços sem a certeza que desejamos.

            Não estamos acostumados a pensar em termos probabilísticos e muito menos lidar com incerteza. Esta constatação incomoda a maioria que opera no mercado de ações. Entretanto, é necessário entender que, como não temos todos os dados, a incerteza nos acompanha como matilhas de lobos famintos. A única forma de nos proteger dos erros que nos perseguem é estimá-los e trabalhar ao lado da probabilidade maior. Em outros tipos de estudos precisamos de teorias, metodologia e dados apropriados. No mercado de ações os gráficos substituem a análise estatística com bastante segurança.

            A média móvel representa a expectativa estimada pelos meios científicos com dados numéricos. Os suportes e as resistências são equivalentes aos limites da variança ou do desvio padrão. A expectativa ou média móvel faz parte de tudo como se fosse o centro de gravidade para onde convergem todas as forças. Entretanto, o que vemos deve ser aceito em termos de probabilidade. A incerteza subjaz a todas formas de estimativas e é inevitável em qualquer tipo de negócio. Sabemos, que lidar com probabilidade traz dificuldades, mas é nela que encontramos a solução. Pois não existe lucro sem variação de preço.

            Quem opera no mercado de ações deve ter tranquilidade, entender e aceitar o predicamento imperioso da incerteza. Todavia, precisamos também de equilíbrio emocional para nos disciplinar e diminuir o risco de errar sem passar pelo crivo de calcular a probabilidade ou riscos (variança) enquanto operamos. Isto é, precisamos desenvolver nosso equilíbrio emocional para poder entender a falta de balanço nos preços. A coisa é simples, a média móvel representa os pontos de equilíbrio, os suportes e as resistências denotam os limites do desequilíbrio. Quanto mais distante estiverem os suportes e as resistências da média móvel maior o desequilíbrio no mercado e maior a oportunidade de se ganhar dinheiro investindo em ações.

            Não temos espaço para divagar no processo decisório. Ele é simples, lógico, visual e intuitivo. O problema é mais simples do que imaginamos, mas se não estivermos emocionalmente em equilíbrio não podemos ver com clareza o desequilíbrio dos preços. Sabemos que quando a média está crescendo é porque os preços estão aumentando. Os suportes e as resistências indicam, com alta probabilidade, os pontos de reversão. Estes pontos representam os cães que nos protegem da matilha de erros.

            É recomendável olhar para os gráficos em todos os períodos, fazendo uma análise de cima pra baixo para identificar o montante da variação nos preços. Uma visão geral do mercado também facilita o alinhamento dos preços. Obedecendo a média móvel e alinhando os períodos de curto prazo com a tendência assegura a melhor estratégia porque obedece a lógica implacável da variação de preço.

            O problema mais complexo do mercado é o equilíbrio emocional de quem investe. Muitos enfrentam o mercado em termos pessoais e não aceitam as regras do negócio. Essa fraqueza complica qualquer tentativa de utilizar uma estratégia vencedora. O equilíbrio emocional é essencial e indispensável na vida de quem opera o mercado. As religiões, por exemplo, procuram meios de estabelecer o equilíbrio material, emocional e espiritual das pessoas porque sabem que isso faz bem ao ser humano. E a ciência tenta entender para onde as forças da natureza convergem porque a ruptura de qualquer equilíbrio pode causar danos mortais.

            Sem querer esticar muito o sentido de equilíbrio, no mercado de ações, fazemos a mesma coisa. Sabemos que os preços se movem em rápidas sucessões e repousam em pontos incertos estabelecendo suportes, resistência ou as chamadas caixas de Darvas. Estas são áreas de longos estancamentos que, segundo Darvas, é possível ganhar muito dinheiro agindo quando os preços estouram para fora da caixa em qualquer direção. Nada de novo até ai, apenas rompimentos de suportes, resistências ou mudança de inércia. Isto indica que no mercado não podemos ganhar dinheiro quando os preços estão em repouso ou quando a variança for zero.

            É irônico olhar para a religião como fonte de inspiração para se entender o equilíbrio de preços no mercado, mas o faço por dever de ofício. A ideia de equilíbrio transcende a ciência e permeia todas facetas da vida. Pascal, depois de trabalhar intensamente na metodologia que deu origem ao método Monte Carlo, abandonou a matemática quando chegou a conclusão de que era mais caro duvidar do que acreditar em Deus. Isso ficou conhecido como – o salário de Pascal.

            A média móvel, suporte e resistência encerram a essência do pensamento Pascalino. É mais barato seguir a média operando nos suportes e nas resistências do que procurar padrões gráficos que desaprecem quando alteramos o período de análise. A média móvel é dinâmica e representa com maior probabilidade os pontos onde existe igualdade entre as forças negativas e positivas. Em economia, por exemplo, só podemos detectar o preço de mercado quando as forças da oferta e da procura também se igualam.

            Pascal elevou a noção de risco a um extremo sublime. A coisa mais barata do mundo é acreditar em Deus e ainda tem gente que duvida! Ora, se for mais barato acreditar até naquilo que pode não existir, por que duvidar? É mais barato comprar do que vender num suporte, mas ainda tem gente que imagina que as coisas podem mudar, e compra topos e vende fundos! Comprar nos suportes ao longo de uma média ascendente, e vender nas resistências alongo de uma média descendentes, praticamente elimina o risco de se perder dinheiro investindo em ações. Infelizmente, obedecer essa regra simples requer muita renúncia emocional. E essa é a esmagadora questão de Shakespeare e o cerne dos valores budistas.

            Destarte, é importante trabalhar com uma metodologia que aumente a probabilidade dos ganhos e diminua as chances de erros. Mas nada adiante se não tivermos disciplina e controle emocional para operar com tranquilidade. Antes de tudo devemos reconhecer que média móvel, apesar das limitações inerentes ainda é a forma mais segura de se operar quando não temos recursos nem dados suficientes para modelar cenários alternativos para o comportamento dos preços.

            Existem muitas formas de se operar no mercado de ação. A média é a forma mais simples, a mais segura e mais barata. Ela ajuda visualizar os gráficos e se destaca entre os extremos da variança. Ela também funciona como o centro de gravidade e oscilador que elimina os ruídos dos dados tornando a imagem mais atraente. Entretanto, precismos da variança, dos suportes e das resistências de que tanto falamos, mas ignoramos quando a emoção ultrapassa a lógica da razão. 

            Além de tudo, a média é o melhor indicar de tendência porque ela, por definição, acompanha os preços com a inerente precisão matemática, dando até a impressão de que comanda o espetáculo! Sem esticar muito a imaginação, podemos comparar a média com o sonho de equilíbrio das religiões e da filosofia oriental. Na cultura oriental existe o conceito de Ying e Yang que representa a energia negativa e positiva respectivamente. Essas duas forças se opõem em equilíbrio ao longo de uma linha imaginária.

            O príncipe Siddhartha, depois da passar anos sofrendo e refletindo para descobrir porque a humanidade era infeliz descobriu a causa: o desejo por coisas materiais. Depois reconheceu que era impossível viver sem desejo. Assim se transformou no Buda ou o esclarecido, pregando que era necessário manter um equilíbrio trocando o desejo por coisas materiais pelo desejo sublime do saber e da espiritualidade. O primeiro provoca sofrimento e o segundo elimina o stress, as preocupações e ansiedades que atormentam a maioria da humanidade.

            Diminuir o desejo de lucrar é impossível, mas ele deve ser menor ou no máximo igual a vontade de acertar. Isto é, fazemos tudo por necessidade material, mas ela não dever ser o foco do esforço humano. Só atingiremos o equilíbrio emocional necessário à qualidade de vida quando mudarmos o foco de nossas operações aumentando a tranquilidade de operar.

            Operar com tranquilidade exige uma estratégia que focalize o prazer de acertar. O lucro virá como resultado de jogadas certas. Não há necessidade de especular sobre o que pode acontecer. Se você plantar eles vão brotar, pois o desejo não cria riquezas. Faça a escolha e seja feliz!

Professor Metafix

Professor Metafix
Últimos posts por Professor Metafix (exibir todos)
Compartilhe

2 comentaram sobre “Média Móvel e Equilíbrio Emocional no Mercado de Ações.

  1. Acho que a aposta de pascal foi equivocada ao que me parece ele tratou o tema com cara ou coroa , acreditar ou não em deus,mas o problema é mais como jogo de dados um dado com 900 lados pois há muitos deuses a serem adorados .Pascal deve ter apostado em um deus que para ele deveria existir desconsiderando todos os outros como inexistentes ,nesse universo de deuses possíveis não me parece mais barato acreditar pois voce pode apostar no deus errado , e ai atrair mais ira de outro deus descontente o contrario aconteceria com um ateu por exemplo , pois de todos possível o ateu os , os deuses , com igual probabilidade.
    No entanto gostei muito do site e estarei mais vezes por aqui parabéns.

  2. pior que é verdade profesor. não da para investir na bolsa e sofrer ataques cardíacos na mesma época. a tranquilidade e a frieza perante uma decisão é primordial para o acerto do melhor momento de venda/compra de um papel. P.S. bela observação de F. Pessoa (citado no início do artigo): acredito que Deus só deu o perigo e o abismo ao mar exatamente por ser possivel e real a ocorrência do reflexo do céu em sua superfície! parabens

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × dois =

Próximo Post

Garantias Teóricas no Mercado de Ações

Considero investimento em ações muito seguro. Existem 4 garantias que gostaria de compartilhar com o leitor. Ei-las: 1) lei de física que estipula para cada ação uma reação; 2) o viés natural de alta do próprio mercado; 3) predominância de tendências altistas e 4) distribuição estatística de fenômenos naturais...

NULLNULL