O Mercado de Ações, o Petróleo e outras commodities …e a economia atual.
Esta semana que passou, o mercado mais uma vez decepcionou muitos investidores que sonhavam novos ganhos e recuperação de velhas perdas. Depois de muita visão e revisões poéticas sobre causas e efeitos, os preços das ações fecharam em baixa e o do petróleo também. Os analistas terminaram ressuscitando a velha teoria de que existe uma relação inversa entre o preço das commodities e o valor da moeda corrente, o dólar.
Novamente, desprezaram a importância da relação entre a demanda e oferta de produtos e jogaram o argumento para o lado financeiro como se rabo é quem abana o cachorro. Além disso, concentraram toda força do verbo em cima do petróleo porque ele é a matéria prima mais importante e esqueceram do vácuo recessivo que atinge todos produtos.
Esqueceram também de que no ano passado, à medida que a crise se configurava irreversível, o dólar subia em relação as outras moedas. Aliás, o dólar subiu com o próprio preço do petróleo, não houve relação inversa. Atualmente, a medida que se imagina uma recuperação, o dólar perde valor e os alarmista soam as trombetas da inflação traçando uma relação causal entre a diminuição do dólar em relação as outras moedas e o preço do petróleo. Ora, sabemos que a questão energética é séria e a demanda e a oferta precisam se adequarem às necessidades atuais sem provocar recessão, desemprego e inflação.
Nesta semana, o petróleo dançou estranhamente pois, nem as interrupções esporádicas da produção na Nigéria evitaram o arrefecimento e até mesmo queda de preço, como ocorreu no último pregão. E neste caso, o valor do dólar demonstrou a relação tênue que pode existir entre o valor dele e o preço das commodities no mercado internacional. Por outro lado, e para reforçar essa inversão, não houve, pouco ou, nenhuma notícia animadora que desse novo fôlego consistente no preço das ações.
“Para reforçar o desânimo, a desaceleração do desemprego não foi suficiente para amenizar o pessimismo dos investidores porque o que conta é a estatística do desemprego total”
O castigo da ganância da Wall Street continua contaminando Main Street, especialmente alguns estados importantes e muitas comunidades que são obrigadas a cortarem serviços por falta de recursos. Estados como Califórnia, a nona economia do mundo, e muitos outros estão a beira da falência. Infelizmente não podem falir, mas se pudessem seria a solução aliviante. Para reforçar o desânimo, a desaceleração do desemprego não foi suficiente para amenizar o pessimismo dos investidores porque o que conta é a estatística do desemprego total. Entramos no mundo de F. Veríssimo que diz, ? ser otimista, é ser desinformado!
Para piorar a situação, a China insiste numa discussão para substituir o dólar como moeda internacional. Uma sugestão bastante paradoxal, dado que ela é a maior detentora de reservas em dólares e uma das principais financiadoras do déficit americano. Deve estar jogando verdes para colher maduras.
Na realidade, a China está mandando recados indiretos mas bem claros para que os Estados Unidos mantenham o dólar valorizado senão ela seria a mais prejudicada, por dois motivos indissociáveis: primeiro, a continuidade do crescimento dela depende das importações americanas e, em segundo lugar, das importações dela de commodities a preços baixos. A relação entre o valor do dólar e o preço das commodities sempre foi clara quando havia inflação e crescimento nos Estados Unidos. Atualmente, esta relação sofre inflexão gravitacional de outras condições econômicas adversas que afetam a economia global.
Por ora é importante para aqueles que investem em ações para continuarem fingindo mais um pouco que a relação entre o valor do dólar e o preço das commodities é realmente inversa porque apesar de minha objeção tudo pode se confirmar dentro desse quadro de estatísticas pessimistas. A outra relação importante é entre o valor do dólar e o preço das ações. Embora, Victor Niederhoffer em sue livro ? Education of Speculator ? descobriu que essa relação é de apenas 11 por cento, vale a pena considerar na hora de investir em ações! Aparentemente, na crise essa relação cresce bastante por causa da mesma inflexão causada por forças negativas que explodem no centro da economia produtora, como por exemplo o aumento na taxa de juros e dos yields nos bônus do tesouro americano.
A terceira relação que gostaria de comentar seria aquela que pode existir quando um país isoladamente ameaça alterar a taxa de juros para aliviar a pressão interna ou para estimular a economia. Por exemplo, como o Brasil pratica taxas de juro bastante elevadas, atrai enormes quantias de investimentos para a bolsa de valores. Qualquer tentativa para mudar a taxa de juros, altera a relação de rendimentos do dólar investido em outras economias. Quando isso acontece, e até mesmo, sem que mude os juros, os carry traders entram em ação transferindo recursos de economias com baixa taxa de juros para aquelas com taxas maiores.
“Se ele souber e puder, irá ao banco dele para tomar Yens emprestados pagando 0,25% de juros e aplicando no Brasil para ganhar 9% de juros!” Para finalizar, imagine um agente econômico (pessoa ou empresa) no Japão sabendo que seus recursos investidos no Brasil podem render mais de 9 por cento ao ano se ele aplicar em renda fixa, e muito mais, se aplicar em ações. Se ele souber e puder, irá ao banco dele para tomar Yens emprestados pagando 0,25% de juros e aplicando no Brasil para ganhar 9% de juros! Se ele for mais esperto ainda pode ganhar na troca cambial porque pode compra os Reais num momento de baixa para aplicar na bolsa. Quando a bolsa subir e os dólares caírem ele reverte a posição comprando Dólares de volta com o Real mais alto e assim ganha dos dois lados. Se ainda for mais esperto pode ganhar na troca do Yen pelos Dólares do mesmo jeito que fez com os Reais.
Professor Metafix
- Negociando Moedas no Intraday - 28/04/2024
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e o interessante é que a bolsa de tóquio foi a única que ainda não se recuperou desde a crise de 1990… em tese, os rendimentos da renda variavel japonesa tem rendido mnos de 10% ao ano…. para que arriscar tanto se a renda fixa brasileira, quase isenta de riscos, já oferece 9%?