As Promessas Falsas e as Falsas Premissas
O mercado é cheio de contradições. Existem promessas falsas, mas cheias de boas intenções. Algumas são até verdadeiras mas repletas de falsas premissas. Como separar o joio do trigo é a arte de cultivar bons costumes; não se deve acreditar nem nas promessas e nem nas premissas sem antes entender a realidade das duas. É importante operar sempre obedecendo a tendência do mercado; e sempre duvidar das premissas de qualquer promessa que viole essa regra. Infelizmente, a miséria deseja companhia e o mercado está cheio de gente boa querendo uns trocados com boas intenções sem atentar para a validade dos fatos. Atualmente as notícias novas apenas confirmam o que já sabemos, a economia mundial e a local não andam bem.
Hoje recebi um e-mail sobre um fundo de investimento fantástico em termos de rendimentos. Já de inicio até o santo poderia desconfiar da promessa pois ela é boa demais. Falar do passado é fácil, mas essa é uma falsa premissa que se transforma em boa isca para os desavisados que desejam ganhar fácil num mercado que oferece muito pouco em termos de rendimentos.
Como sabemos, o mercado sobe e desce ao longo do tempo. Quanto mais rápida for a subida, mais apressada será a descida. O leitor deve sempre ficar atento pra não cair no canto da serei de ações ou fundos que renderam muito no passado pois, isso não garante o futuro. Entretanto, uma coisa é certa; as leis da física não falham. Sabemos que toda ação gera uma reação. A medida que o preço de um ativo sobe com muita força e rapidez, aumentam-se as probabilidades de que ele vai recuar com força. Por isso, não faz tanto mal comprar na baixa, porém jamais se apressar para comprar na alta.
Apesar do mencionado fundo ter subido muito rápido, é bom ficar atento para o estado da economia. Não existem indicações de crescimento sustentável dentro um prazo necessário pra se realizar lucro numa ação ou num fundo que já subiu bastante. Portanto, as boas maçãs apodrecem com o tempo e contaminam as outras. Operar o mercado é olhar o futuro sem esquecer o passado, pois este serve de lição, mas não preenche as expectativas boas quando mercado vai mal.
A propaganda que recebi diz que a garantia do fundo está na sua diversificação. Nada mais falacioso do que esse tipo de afirmação. A diversificação serve para se proteger contra súbitas variações no preço de uma ação quando a economia vai bem. Quando a economia vai mal nenhuma diversificação garante o sucesso. Sempre deve-se diversificar as aplicações para se proteger de ações que fogem da média ou da expectativa esperada, estas representam as maçãs que podem apodrecer antes das outras. Entretanto, a diversificação não garante uma carteira porque não há remédios contra os riscos do sistema. E é isso que tememos nessa conjuntura. A nossa economia não vai bem e pode piorar muito mais se as outras economias não aplicarem medidas anticíclicas.
Portanto, se a diversificação garantisse bons rendimentos, o melhor fundo seria um índice de ações, mas nem esses andam bem esses dias. O Ibov, por exemplo, já faz algum tempo que não sobe, apenas anda de lado com um viés de baixa por causa do pobre desempenho da nossa economia e da fraqueza da economia mundial.
A valorização das ações depende do crescimento e da expectativa de aumento na economia. Tudo indica que a economia ficará por algum tempo crescendo lentamente. Nessa situação, as ações não reagem. Temos boas ações, temos boas companhias e fundos excelentes, mas estes não podem obrar milagres. Aqueles que subiram, contrariando a lógica, não ficarão muito tempo na montanha alimentando sonhos. As leis da física são fortes e implacáveis e os mercados variam juntos. Os valores dos ativos também andam juntos como manadas de búfalos procurando pastagem. Em outras palavras, o dinheiro está migrando a procura de lucros advindos de setores mais dinâmicos, mas estes são escassos numa economia fraca. Nessa conjuntura, o dinheiro demora pouco num ativo e muda rapidamente para outros. Isso explica a grande volatilidade de preços sem manter uma tendência consistente.
Ações boas não permanecem muito tempo separadas das outras porque os bons pastos são poucos e limitados. Assim, como lobos solitários, ações e fundos tem dificuldades de afastar das outras. Atualmente são poucos fundos e ações que ainda mantêm valores altos porque a economia não está oferecendo muita oportunidades para se lucrar. Aquelas que subiram além das outras, aos poucos, vão perdendo a pastagem que as alimentaram no passado. Para algumas, os ajustes já foram feitos, outras ainda esperam um pouco, mas caminham inexoravelmente para o destino que a economia reserva para todas.
Se alguém deseja um fundo seguro, pode investir em índice ou escolher um grupo de ações boas e formar seu próprio fundo ou até mesmo operar com um que acompanhe a economia mais de perto. É melhor ter sua própria carteira com boas ações do que se agarrar com fundos de composição desconhecida e duvidosa. Esses fundos, muitas vezes, incluem muitas ações de alto riscos. Ora, quem investe em fundos é porque procura mais estabilidade. Entretanto, a melhor forma de alcançar isso é investir em ações de boa qualidade ou se contentar com investimentos mais seguros e conviver com os baixos rendimentos que eles oferecem.
Todo tipo de negócio deve mirar o futuro. Não existe caminho certo, apenas um planejamento estratégico baseado em boas probabilidades pode diminuir a incerteza de se trilhar a estrada desconhecida. E por fim, como tenho insistido, nunca se operar contra a tendência ou a direção do mercado. Em caso de dúvida, faça, pelo menos, algumas operações cobertas ou fique em renda fixa, caso não tenha experiência de operar no curtíssimo prazo com ativos de rendimentos variáveis.
Boa sorte!
Prof. Metafix
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