A Crise Econômica e as Opções de Investimentos

Professor Metafix

Poucos conseguiram digerir o que já aconteceu e aceitar as previsões do que pode acontecer. O ambiente foi de muita incerteza. Aversão ao risco intensificou-se provocando uma recomposição nas carteiras de investimentos pessoais. Os investidores procuram abrigo para garantir a riqueza acumulada…

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A Crise Econômica e as Opções de Investimentos.

A Crise Econômica e as Opções de Investimentos

Nesta semana, os mercados financeiros, liderados pelo americano, fizeram piruetas e acrobacias dignas de um show aéreo, mas com leve toque de uma peça shakespeariana. Poucos conseguiram digerir o que já aconteceu e aceitar as previsões do que pode acontecer. O ambiente foi de muita incerteza. Aversão ao risco intensificou-se provocando uma recomposição nas carteiras de investimentos pessoais. Os investidores procuram abrigo para garantir a riqueza acumulada, mas não encontram no mercado de ações. Os agentes econômicos estão conscientes de que dentro desse quadro recessivo fica difícil criar riquezas ligadas ao setor produtivo ou ao setor financeiro sem cair em armadilhas conjunturais.

“Para não errar, é importante esperar por algumas definições sobre a recuperação do preço das ações, sobre a direção do nível geral de preço (inflação) e do progresso das commodities.” Tivemos alguns momentos desagradáveis em função da queda no preço das ações e de expectativas pessimistas levantadas pela mídia sobre a lenta recuperação da economia. Dentro desse quadro de ansiedade profunda tudo pode acontecer. Os investidores pequenos estão receosos e os grandes indecisos. Certo é que todos tomam cuidados para não tomar decisões comprometidas com o longo prazo. Para não errar, é importante esperar por algumas definições sobre a recuperação do preço das ações, sobre a direção do nível geral de preço (inflação) e do progresso das commodities. O preço destas, especialmente do petróleo, e a expectativa inflacionária vão orientar o mercado de ação até, pelo menos, o final do ano.

O comportamento de preço das commodities é complexo, mas está ligado, em parte, aos grandes ciclos da agricultura e a demanda dos setores produtores e de consumo. Todo mundo conhece a historia de José do Egito com a famosa previsão de sete anos de vacas magras e sete de vacas gordas. Basta pensarmos nos ciclos climáticos para imaginar como as commodities se comportam de forma cíclica. Mas como prever a inflexão do ciclo dentro de uma crise financeira como a atual? Essa é a grande dúvida! Ninguém arrisca um palpite sem passar pelo ridículo de errar assimptoticamente.

O segundo fator é o ritmo da recuperação econômica que pode causar euforia, inflação ou deflação no preço das ações. Já ouvi alguns ?especialistas? afirmarem categoricamente que o aumento de preço entre março e até o início deste mês resultou da euforia e das ansiedades daqueles que perderam muito dinheiro. Na esperança vã de recuperar as perdas, lançaram-se a comprar prematuramente mais ações, como se estivessem numa jogada típica de Martingale, onde o jogador vai dobrando as apostas para recuperar mais rápido possível as perdas passadas, mas correndo o risco de perder tudo.

Aparentemente, a lição da grande queda recente nas ações não foi suficiente para convencer os investidores de que a festa dos ganhos fáceis e fartos acabou. Tudo indica que ainda marchamos relutantemente para uma recessão mais longa do que se esperava. Esta se estenderá além de nossos desejos e esperança de reaver lucros perdidos, mas aquele gostinho de que tudo pode ser recuperado permanece.

As palavras do presidente do Fed, ontem, quarta-feira (24-06), e a decisão de manter as taxas de juros atuais, revelaram as dúvidas do banco central sobre uma recuperação econômica rápida. Sem dúvida, o governo tem pressa nessa recuperação e está tomando todas iniciativas possíveis ao ponto de transformar Washington no centro financeiro do país. É pra lá que os empresários correm pedindo socorro em vez de apelar para Wall Street levantar o capital de que necessitam.

Essa mudança de orientação, nem que seja apenas geográfica, por enquanto, é bastante significativa e indica pressa do governo para obter apoio político para as outras reformas em andamento. Corroborando com essa tendência, o firme propósito de manter os juros baixo para dissipar qualquer expectativa inflacionário, o Fed tomou a iniciativa de ficar com parte dos títulos do governo no leilão desta semana. Essa iniciativa não é nova mas é bastante audaciosa dado o monte de críticas acumulado até agora sobre a emissão de moeda e o enorme déficit do governo federal. Outros bancos centrais também participaram do leilão contribuindo indiretamente para mudar a expectativa inflacionária que paira no meio financeiro.

Assim, a economia está se monetizando numa velocidade tão grande que seria quase impossível haver uma deflação como ocorreu recentemente no Japão ou durante os anos trinta do século próximo passado aqui nos Estados Unidos, mas dificilmente diminui o sentimento de que teremos inflação com a recuperação da economia. Apesar disso, o Fed não quis arriscar e preferiu ficar com uma boa parte dos títulos do que vê-los no mercado com yields (dividendos esperados) tão elevados que sinalizassem inflação futura.

O efeito das palavras do presidente do Banco Central e do leilão dos títulos do governo sobre as ações foi imediato. O índice Dow Jones subiu 172 pontos, mostrando, talvez, que os investidores prefiram, por enquanto, aplicar em ações do que adquirir títulos da dívida pública que oferecem dividendos aquém da expectativa inflacionária.

O que tudo isso tem a ver com o mercado de ações? E como essa política afeta os pequenos investidores aqui e alhures? Vou repetir mais uma vez o que tenho dito aqui sobre a estratégia geral de investimentos numa conjuntura como essa. Tenho advogado abertamente três coisas: 1) em mercados com muita incerteza, a melhor forma para se operar é pensar no curto prazo; 2) qualquer investidor pode administrar riscos de curto prazo desde que tenha instrumentos adequados e; por fim, aqueles que não tem estômago para tudo isso deixem as reservas em cadernetas de poupança ou em títulos de renda fixa porque a volatilidade vai continuar.

Para os grandes investidores é importante separar as operações de curto prazo das de longo prazo por alguns motivos já conhecidos. Primeiro, é muito mais fácil prever o que pode acontecer amanhã ou depois do que daqui há dois ou mais anos. Segundo, em momentos de muita incerteza, os investidores procuram investimentos mais seguros mesmo que os rendimentos sejam menores. Terceiro, a incerteza acarreta instabilidade e volatilidade no mercado. Neste caso, os investidores, além de correrem para investimentos seguros, aumentam a preferência pela liquidez. Haverá, portanto, uma mudança na composição das carteiras de investimentos que possivelmente terá menos ações, mais títulos da dívida pública e moedas. Por enquanto, os ativos denominados em dólares e outros de fácil conversão monetária, como fundos de curtíssimo prazo, devem crescer; os títulos do governo continuarão como opção reserva para onde correrá parte do dinheiro da bolsa se o cenário de incerteza aumentar; e o dólar americano também continuará a sofrer pressão dos ?carry traders? e da rápida conversão de títulos de curtíssimo prazo.

” Claro que cada investidor deve fazer uma avaliação da capacidade para administrar todas essas alternativas de acordo com o nível de aversão ao risco, conhecimento e interesse pessoal” Claro que cada investidor deve fazer uma avaliação da capacidade para administrar todas essas alternativas de acordo com o nível de aversão ao risco, conhecimento e interesse pessoal. O risco é a grande barreira que separa o especulador profissional do pequeno investidor que se sujeita às regras da especulação por falta de opção. Infelizmente, o sistema não oferece alternativas mais rentáveis sem aumentar o risco. Mas, por outro lado, o pequeno investidor pode obter meios para administrar por conta própria pequenas carteiras de investimentos sem muita dor de cabeça.

“Os meios disponíveis para gerenciar uma pequena carteira de ações permitem que os leigos concorram com profissionais porque não existem nem donos da verdade nem conhecimentos que não possam ser adquiridos pelo pequeno investidor.” Os meios disponíveis para gerenciar uma pequena carteira de ações permitem que os leigos concorram com profissionais porque não existem nem donos da verdade nem conhecimentos que não possam ser adquiridos pelo pequeno investidor. A internet está repleta de informações importantes, e as corretoras e empresas do ramo disponibilizam programas e análise acessíveis aos interessados.

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