Proteção Contra Crise Financeira
K. Marx, no 18 Brumário de Napoleão Bonaparte, exprime que, “a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. Mais adiante ele acrescenta que “a história se repete como uma farsa”. Antes dele, e muito antes, José do Egito já tinha examinado o nível das águas do Nilo, e interpretou o sonho do Faraó, sobre as vacas magras e as vacas gordas, como sendo períodos de abundância e de escassez de alimentos. A história do sonho pode ser uma farsa também, mas os ciclos de prosperidades se repetem com regularidades impressionante e, devemos aproveitá-los sem pensar no legado das falsidades históricas.
Lá no Egito era fácil perceber porque existiam períodos de safras gordas e de colheitas magras, mas de lá pra cá os ciclos econômicos surgem com regularidade imprecisa em todos setores e em todas terras distantes do Nilo, mas até hoje, os economistas, que têm estudado esse fenômeno, não concordam porque eles acontecem. Porém, não se trata de pobreza de pensamento, mas da riqueza de complexidades genéricas dos próprios ciclos. Felizmente, não precisamos saber porque eles acontecem para se defender de seus efeitos, mas é necessário ficar atento às mudanças. Até as serpentes, para se alimentarem, enrolam-se debaixo das moitas esperando o ratinho passar. Agilidade e paciência determinam o sucesso dos répteis. Eles agem de forma simples por instinto, mas nós precisamos decidir com sagacidade e destreza do livre arbítrio.
No mercado financeiro, não precisamos se preocupar com a farsa histórica das mudanças, mas é importante aceitar o inevitável; os preços das ações sobem e descem formando ciclos de curta e de longa duração. Neste mister, também temos períodos que os grandes especuladores chamam de crise financeira. Para quem aplica na bolsa, pensando num futuro menos dramático, sofre com a farsa desses ciclos. Todavia, as crises passam assim como o sol brilha depois do temporal. Destarte, no longo prazo, conseguimos recuperar os prejuízos de curto prazo e devemos entender porque para evitar novos erros.
Apesar dessa garantia não temos que aceitar as perdas que naturalmente ocorrem no curto prazo e nem o prejuízo no longo prazo. Primeiro, devemos diversificar as aplicações; segundo, aplicar em ativos de qualidade e, especificamente administrar os ativos como José do Egito ensinou o Faraó: comprando na baixa e vendendo na alta. Isto pode ser feito acompanhando ciclos menores dentro ondas maiores. Portanto, não é necessário entender porque as crises acontecem, ou se são falsas ou verdadeiras, mas devemos ficar de sobreaviso esperando mudanças que podem ocorrer como fenômenos monetárias mas sem indicações precisas. Infelizmente, no curto prazo, podemos diversificar as aplicações para se proteger de riscos não sistêmico, mas pouco podemos fazer para evitar os riscos sistêmicos, isto é, risco das crises econômicas a não ser, como dito, aplicando nos melhores ativos que pouco sofrem com as crise, e aproveitando os picos de alta para sair antes de uma derrapada de baixa nas ondas maiores. A prática de entrar quando os preços caem e de sair depois que eles sobem seria a melhor proteção que temos nesse vai e vem dos preços. Para movimentos pequenos, podemos também lançar opções cobertas, mas é um assunto específico que fica pra depois.
Nesta nota, não pretendo assustar ninguém sobre a próxima crise financeira, mas devemos antecipar uma grande correção nos preços das ações que naturalmente será encabeçada pelas ações americanas. Essa crise se aproxima não só como resultado de políticas passadas, mas pela própria natureza dos ciclos que são periódicos e inevitáveis como as flutuações nas águas dos rios.
No velho Egito, as crises ocorriam em períodos que duravam de 7 a 9 anos que, na atualidade, correspondem aos ciclos das manchas solares. Estas geram as mudanças climáticas conhecidas como de El Nino e de La Nina. Nos últimos anos, abundância de chuvas em regiões produtoras de grãos achatou os preços dos cereais, mas não atingiu os mercados financeiros. Estes são sacudidos pelas estiagens e chuvas de dinheiro lançadas pelos bancos centrais.
No mercado de ações e na economia americana como um todo, os exageros, ou as precauções expressa pela política monetária, geram periodicamente abundância e escassez de liquidez. Porém, isso acontece em todas economias porque é muito difícil encontrar o ponto de equilíbrio em sistemas complexos. O resultado é que temos períodos de muito dinheiro e épocas com pouca liquidez. Os responsáveis por tudo isso são os bancos centrais, Estes agem isoladamente, aumentando ou diminuindo a quantidade de moeda nas economias onde atuam sem se preocuparem com os efeitos de longo prazo.
Na última crise, o Banco Central americano, temendo uma recessão mais profunda, e por capricho e questões de política partidária, exagerou na dose; aumentou a liquidez no sistema de tal maneira que pode manter os juros muito baixo por muito tempo. E, atualmente, com medo de inflação está acelerando os aumentos de juros, o que incentiva os grandes bancos a trocarem empréstimos de longo prazo, com juros baixo, por empréstimos de curto prazo, com juros mais altos. Essa especulação permite projetos marginais a se proliferarem pela força da alavancagem creditícia, mas sem ter condições econômicas de sobreviverem um choque monetário adverso. Novamente, a “esperteza” dos bancos, com participação voluntária, ou não, das grandes empresas, vai provocar outra crise financeira com efeitos negativos no preço dos ativos. Isto é, estamos prestes a uma nova virada no ciclo de prosperidade, e uma correção para baixo nos preços das ações. Assim, enfrentaremos um novo ciclo de menor atividade econômica que, independente dos efeitos, é uma uma farsa de políticas monetárias equivocadas. Por isso, e por outros motivos inerente a tarefa de se operar no mercado, aconselho a se orientar com gráficos de períodos longos, talvez de semanas, para comprar e vender apenas umas 3 ou quatro vezes no ano. Assim, fica mais fácil de acompanhar os altos nos preços das ações sem cair na farsas de política econômica ou ser vítima de idiossincrasia de políticas monetárias.
Existem outras precauções que pretendo enumerar depois, noutra nota. Boa sorte!
Prof. Metafix. Wisconsin 18 de outubro de 2018.
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