Entendendo os movimentos de preço das ações – A Força da Regressão

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O movimento no mercado de ações mostrou mais uma vez que apesar das reclamações e esperanças infundadas, ainda vivemos sob o signo da matemática simples. Já era para o mercado ter terminado essa retração nervosa e relutante de algumas semanas passadas. Entretanto…

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A Força da Regressão
Entendendo os movimentos de preço das ações.

“em conjunto e mesmo sem preconceitos, criamos involuntariamente os desvios estatísticos sem ajuda de fatores econômicos.” Nesta semana, o movimento no mercado de ações mostrou mais uma vez que apesar das reclamações e esperanças infundadas, ainda vivemos sob o signo da matemática simples. Já era para o mercado ter terminado essa retração nervosa e relutante de algumas semanas passadas. Entretanto, a força da média continua fazendo estragos na mente e no bolso daqueles que recusam aceitar que, em conjunto e mesmo sem preconceitos, criamos involuntariamente os desvios estatísticos sem ajuda de fatores econômicos.

Por um lado, o mercado mostrou a força do pessimismo sobre a recuperação da economia e continuou na mesma trajetória declinante da semana passada. Por outro, provou também que por trás do pessimismo existe a força da regressão; ela é simples, poderosa e implacável. Os preços que haviam subido acima da expectativa, sem nenhuma base econômica, continuaram a se aproximar de algum suporte psicológico da multidão indecisa. Ficou bem claro que à medida que os preços se distanciavam da média do crescimento da economia, a probabilidade de queda aumentava; e aí, os estragos foram inevitáveis! Muitos correram para títulos do governo, alguns para as commodities e outros para moedas. Novamente, sentiu-se uma nova alocação de recurso que tirou a única sustentação plausível das ações.

“mesmo quando podemos reduzir o problema a uma questão estatística, temos dificuldades de entendê-lo porque recusamos a realidade dos números e preferimos trabalhar com o prazer das emoções.” Por causa do viés de alta criado pela psicologia do mercado que só deseja aumentos de preços, não aceitamos as retrações para baixo sem reclamar ou procurar uma causa mecânica razoável para esse ?fenômeno?. As causas existem, mas são tão desconhecidas que seria melhor nos contentar com a incerteza e trabalhar com probabilidades simples e com atenção a lei de regressão. Infelizmente, mesmo quando podemos reduzir o problema a uma questão estatística, temos dificuldades de entendê-lo porque recusamos a realidade dos números e preferimos trabalhar com o prazer das emoções.

“a falta de preparo e humildade para aceitar que nem os peritos trabalham com certeza, levam muitos iniciantes a cometerem erros “

O pior de tudo é que além de não estarmos preparados para lidar com a queda de preços, somos levados pela impaciência ou até pela ganância e cometemos erros grosseiros; entramos comprando sem qualquer sinal de retração, ou até mesmo antes de qualquer confirmação de que o movimento de queda já chegara ao fim. Lamentavelmente, a falta de preparo e humildade para aceitar que nem os peritos trabalham com certeza, levam muitos iniciantes a cometerem erros facilmente evitáveis. Entram na compra como inocentes na ara de sacrifício e se transformam em vítimas sujeitos a perdas irrecuperáveis. A ganância, a presunção do saber e a pressa são as responsáveis pelo epíteto de que o mercado é de alto risco. Na realidade, o próprio viés de alta contribuí para que o investimento em ações seja bastante seguro.

Há uma solução, talvez, bem singela para evitar os riscos. Seria racionalizar o comportamento do mercado de uma forma lógica desde que atentássemos para a lei de regressão. Ela é simples e poderosa mas, por ser fácil de ser violada, somos punidos severamente sem entender por quê! Aqueles que descumprem a regra de se obedecer a tendência, perdem mais do que os outros e engordam o bolso dos astutos que não correm atrás do mercado. Estes preferem se enrolar como serpentes para dar o golpe na hora certa. Enquanto isso, alguns dos perdedores tonteiam sem entender as consequências dos movimentos aleatórios a que os preços de ações estão sujeitos no decorrer do tempo; e outros são levados pela presunção do saber e se colocam acima das regras para se arrepender amargamente depois.

Vejamos alguns fatos que corroboram com a força de regressão. De outubro de 2008 ate março de 2009 as ações caíram acentuadamente precipitadas pela crise financeira americana. Elas perderam quase 50 por cento do valor. Em primeiro lugar, e olhando do ponto de vista da estatística, o que provocou queda tão acentuada foi a falta de motivos econômicos para ter subido tanto. Os valores das ações são derivados da economia real, e esta crescia a taxas históricas muito aquém dos valores financeiros notificados.

No segundo trimestre deste ano, tivemos novamente um repique do que vinha acontecendo antes de 2008. Isto é, novamente os preços se distanciaram da média de crescimento sem nenhuma justificativa fundamental. O resultado desta elevação, como acontece com todas as outras, foi a queda que estamos presenciando até agora. A força do primeiro momento matemático, a própria média, explica o que precisamos entender sem as ramificações econômicas a que sujeitamos nossas análises perfuntórias. Se olhássemos por esse ângulo, simples e lógico, evitaríamos as controvérsias e versões sem fundamentos comprovados.

“à medida que se distanciam da média histórica do crescimento econômico e de seus próprios valores médios, a probabilidade de atração para a média aumenta e derruba ou eleva os valores conforme seja o caso”

Claro que seria interessante entender de tudo, até de economia e de outros fenômenos correlatos, mas essa compreensão pode ser dispensada se atentarmos para os princípios estatísticos da distribuição e da lei de regressão simples. Independente do fundamentalismo financeiro, sabemos que os preços das ações sobem e descem aleatoriamente, mas à medida que se distanciam da média histórica do crescimento econômico e de seus próprios valores médios, a probabilidade de atração para a média aumenta e derruba ou eleva os valores conforme seja o caso.

Aceitar a lei de regressão como coadjuvante importante na interpretação do movimento de preços no mercado de ação é dispensável e faz muito sentido. É bom senso ou senso comum, mas como diria Mark Twain, ?o problema do senso comum é que ele não é muito comum?!

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