Novas Oportunidades de Investimentos
Charles Dickens, em uma de suas obras, The Tale of Two Cities, inicia-a lembrando que vivemos no melhor dos tempos e no pior dos momentos… Se por um lado, a globalização e a internet oferecem novas formas e oportunidades de investimentos, os meios tradicionais de poupança tendem a desaparecer inquietando os pequenos poupadores. A transição é rápida e exige escolhas difíceis, pois o investidor terá de conciliar o risco e o retorno num ambiente de incerteza.
Vivemos sob o reino de expectativas racionais, onde o futuro pode ser alvissareiro. Infelizmente ainda não vislumbramos um horizonte menos incerto, mas podemos combinar diferente instrumentos que variam de retorno e risco. A contradição e as incongruências continuarão a dominar nossas vidas à medida que avançamos para um mundo cada vez mais integrado economicamente. Se por um lado a integração aumenta as oportunidades de negócios, por outro a aproximação acirra a disputa por recursos. A integração avança inexorávelmente oferecendo oportunidades com escolhas cada vez mais difíceis e mais apetitosas. O certo é que todos podemos participar dos benefícios que os mercados oferecem, em termos de bens de consumo e oportunidades de investimentos. Até aqueles com poucos recursos esperam retornos maiores de suas poupanças individuais, e temem os riscos inerentes a aplicações mais rentáveis.
Os sonhos de melhores retornos só podem se realizar sob o signo de administração mais severa. Entretanto, todos podem investir, especular e operar no mercado financeiro com custos relativamente baixos, retornos maiores do que na poupança tradicional e com riscos compatíveis com a tolerância individual. Sei que é fácil dizer, reconheço a grandeza do poeta T.S. Eliot, que afirmava, entre o presente e o futuro existe uma sombra. As formas de poupança exigem vigilância e administração que muitos resistem e temem. Infelizmente, o velho ditado de que — só o olho do dono engorda o boi — continua valendo.
Atualmente existem muitas formas de investimento acessíveis até aos menores poupadores, antes disponíveis somente aos especialistas, especuladores e corretores. Com a internet o espaço também perdeu a fronteira física. Agora, podemos operar e investir na maioria dos principais mercados de qualquer ponto do nosso país ou do mundo.
A combinação de esforço das instituições financeiras permite até os menos experientes tentarem a sorte, especialmente no mercado de ações. Muitos jovens com poucos recursos estão se lançando no mercado de moedas e de futuros aproveitando a enorme alavancagem que as corretoras e “dealers” oferecem. Entretanto, existem outras modalidades de investimento com alavancagem e riscos bem menores que poderiam ser aproveitados pelos investidores mais conservadores.
Vou aproveitar a oportunidade para apresentar e traçar alguns comentários sobre dois novos tipos de ativos já disponíveis em alguns mercados estrangeiros e acessíveis a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Entretanto, é nosso dever lamentar o atraso em que ainda vivemos apesar dos avanços na comunicação. Por outro lado, os investidores brasileiros parecem ser bastante tímidos; poucos aproveitam essas oportunidades nos mercados estrangeiros apesar do processo de abrir conta e operar no exterior ser bastante simples.
Não poderia afirmar se foi a internet ou a própria necessidade mundial de capital que vem gerando novos meios para atrair investidores de todos recantos da terra. Os países com mercados bem estruturados e mais abertos levam vantagem nessa corrida. Eles tentam captar recursos tanto de grandes agentes como daqueles que reservam apenas uma parte do salário para investirem. É certo que os interessados também demandam melhores oportunidades, menores riscos e mais rentabilidade para seus recursos. Assim, os intermediários e os sistemas se tornam cada vez mais competitivos e atentos às oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias para facilitar a administração dos pequenos investidores. Lamentavelmente, o mercado brasileiro está atrasado e se mantém pouco inovador, perdendo muitas oportunidades. Isso não faz bem a economia brasileira, apenas empurra muitos brasileiros a procurar com dificuldades as oportunidades do mercado internacional.
Reconhecemos a relação risco e rentabilidade. Como sabemos, a distribuição de risco não é uniforme; alguns aceitam riscos mais altos porque esperam ganhar mais; outros abdicam dos ganhos em troca de maior certeza. Felizmente, a tecnologia e o nível de informação permitem uma análise de risco mais rigorosa até pelos menores investidores, especialmente aqueles que são dotados de bom senso.
Aproveito a oportunidade para chamar atenção para dois tipos de derivativos com níveis de risco e rentabilidade bem diferentes. Eles estão crescendo bastante e atraindo muitos investidores e especuladores. Para investidores avessos a riscos altos, o mercado americano oferece os chamados ETFs ou exchange Traded Funds (Fundos de Trocas Negociáveis) e, para os mais afoitos, o mercado europeu oferece os CFDs (contract for diference = contratos pela diferença). Ambos são interessantes; os CFD´s são de alto risco e os ETFs são considerados bastante seguros. A rentabilidade dos ETF´s depende do desempenho das ações que os lastram. A rentabilidade dos CFD´s, como o próprio nome indica, é função do nível de alavancagem e da variação no preço da própria ação.
Os ETFs são fundos mútuos oferecidos no American Stock Exchange e podem ser comprados e vendidos como ações. Eles oferecem a diversificação dos fundos de investimento e, portanto, tem risco relativamente baixo. Além disso, têm outras vantagens: podem ser negociados como ações, o investidor pode comprar qualquer quantia (não existe lote padrão) e pode-se entrar comprando ou vendendo sem restrição.
Os preços dos ETF´s variam diariamente independente dos preços das ações que o compõem. No caso de fundo mútuo, só podemos saber o valor dele no fim do dia quando o valor final das ações é recalculado. E por isso, não existem dados intra-day para os fundos mútuos. Como os ETFLs variam durante o dia, à medida que são negociados, os administradores farão uma conciliação diária entre o preço deles e o valor das ações que os compõem. Por isto, existe um hiato diário no valor dos ETF´s.
Os CFDs, por outro lado, não têm vida própria e dependem da variação do preço da própria ação. O investidor pode abrir uma posição de compra ou de venda, como se fosse um índice de preço. Os CFD´s são derivativos de alto risco, mas para quem consegue interpretar o movimento de preços de ações podem conseguir bons resultados. Eles funcionam assim: em vez de um operador comprar 100 (lote padrão) ações da intel a $25,00, desembolsando $2.500,00, poderia comprar com esse montante 500 contratos de CFDLs a $5,00 por contrato. Quem compra 100 ações, obviamente está interessado nas ações, mas quem compra 500 cfds está interessado apenas nos ganhos das ações, isto é na diferença de preço entre a compra e a venda ou a venda e a compra. Neste caso, se a ação subisse de $25,00 para $30,00, uma diferença de $5,00, quem comprasse essas 100 ação só ganharia $500,00, mas quem comprou os cfds, ganharia $2.500,00. Uma diferença formidável! Esta soma é a diferença de preço ($5,00) vezes o montante (500 unidades). O comprador não ficaria com as ações, mas com o montante da diferença de preço e por isso poderia entrar no mercado comprando ou vendendo.
Notem que os mercados americanos não oferecem os CFDs e não estou certo se os mercados europeus já oferecem os ETFs. Mas os interessados podem encontrar muita informação pela própria internet a este respeito, basta digitar a palavra desejada no Google que aparecerá muitas indicações. Alguns intermediários estrangeiros também oferecem contas e programas com muitas vantagens que infelizmente as firmas brasileiras não oferecem.
Prof-Metafix
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Ótima matéria prof-Metafix.
Hoje há realmente um infinidade de alternativas para o investidor, cabe a cada um estar sempre atendo.
parabéns pelo conteúdo.